Se pensam que aquilo que dizem no interior do vosso carro constitui conversa privada, convém repensarem isso no caso de estarem num carro equipado com serviços telemáticos como o OnStar, SiriusXM (e muito provavelmente todos os demais.)
Noutros tempos, a ideia de escutar o que se passava a bordo de um automóvel seria algo que obrigaria a utilizar equipamentos de espião discretamente dissimulados no veículo. Hoje em dia, os serviços que podem ser utilizados pelos condutores para pedir informações ou assistência podem também ser utilizados para os escutar e denunciar às autoridades. Documentos dos tribunais revelam que as autoridades têm recorrido a estes sistemas para escutar o que se passa dentro de automóveis já desde 2001 – uma altura em que quem avançasse com este tipo de suspeitos seria certamente rotulado de “paranóico das teorias da conspiração”.
Agora, fica comprovado que esta paranóia era mesmo real, e que as capacidades das autoridades para efectuarem este tipo de vigilância remota vão ficando cada vez mais fáceis, até quando são iniciadas acidentalmente pelos ocupantes. Num dos casos, num carro alugado, o condutor ou passageiro terão inadvertidamente ligado o modo “SOS” que faz a ligação com um operador, enquanto discutiam um negócio de tráfico de droga… sendo que o operador imediatamente reencaminhou o caso para as autoridades, que graças a estes sistemas não só podem ouvir o que se passa no automóvel, como também saber a sua localização exacta e, nalguns casos, podendo até desligar o carro remotamente e trancar os ocupantes no seu interior.
… Com assistentes digitais capazes de nos escutarem a entrarem em nossas casas (Google Home, Amazon Echo, etc.)… interrogo-me se daqui por alguns anos não teremos que dar razão a quem também vai alertando para o perigo destes dispositivos poderem ser (ab)usados, para nos espiarem dentro das nossas próprias casas.