A Fórmula 1 vem sofrendo quebras de popularidade e espectadores (na TV e na internet) a nível mundial na última década. Será que o espetáculo é inferior ao que era no passado? A questão é mais complicada, pois o desporto-negócio enfrenta desafios a vários níveis, conforme vamos analisar em seguida.
Desafio económico: mais despesa e menos receita
O desporto tornou-se ultra profissional nos últimos anos, mas isso teve uma pesada consequência: mais custos por parte das equipes. Ao mesmo tempo, as perdas de espectadores resultaram em perda de patrocínios. O modelo de negócio é agora bem menos saudável que no passado; grande parte das receitas vem do valor pago pelos circuitos pelo direito de acolher um GP. Mas tudo está mais apertado para todos, e não admira que cinco equipas tenham falido na última década (incluindo a equipa do famoso Richard Branson, da Virgin).
Assim, não admira que a Liberty Media, empresa com os direitos comerciais desta modalidade, tenha recentemente criado um acordo de patrocínios com duas empresas de apostas desportivas. Nem ficaríamos surpreendidos se no futuro houvesse o patrocínio de casino online, pelo menos válido para países onde esse tipo de acordo seja permitido (clique aqui para saber mais sobre casinos online).
Desafio tecnológico: o combustível
Independente da opinião pessoal de cada leitor, existe um movimento mundial no sentido de deixar o petróleo como fonte de energia dos automóveis e adoptar novas tecnologias, mais eficientes e menos poluentes.
O desporto tem que tomar uma decisão: acompanhar a inovação tecnológica ou manter-se dependente do petróleo, como sempre esteve. Será o petróleo a melhor forma de chegar a uma nova geração para quem ser “cabeça de gasolina” não tem a menor importância?
Desafio tecnológico: o automóvel autónomo
A palavra “auto” vem do grego e significa “por si próprio”. “Automóvel” significa “que se move por si próprio”, para distinguir das carruagens puxadas por cavalos que existiram por milénios. Já “autónomo” significa que estabelece sua própria lei ou direcção (“nomos”). Hoje, quando falamos de um automóvel autónomo, estamos usando o prefixo “auto” duas vezes: o carro move-se por si próprio e toma suas próprias decisões.
O aparecimento de veículos autónomos nas nossas ruas não está a acontecer tão rápido como alguns previram. Mas é preciso pensar que os automóveis também demoraram duas a três décadas a destronarem completamente o comboio como grande meio de transporte. A revolução do “autónomo” será tão grande como a do “automóvel”.
Mesmo assim, já é visível que as novas gerações não têm o mesmo interesse pelo carro, ao nível individual e social que tinham os seus pais, especialmente nas grandes metrópoles. Estudos apontam que, nos Estados Unidos e na Europa, os jovens estão a obter a sua carta de condução cada vez mais tarde. São mais ligados aos seus smartphones do que aos automóveis, o que nos leva ao próximo ponto.
Desafio social: a tecnologia
O facto de a tecnologia estar criar novos interesses também ajuda a diminuir o interesse por este desporto do século XX. Os jovens estão mais tempo na internet, a jogar jogos, a ver vídeos ou cultivando novos interesses. Os mais inovadores estão a assistir a corridas… de drones! Os “e-sports” estão a tornar-se um verdadeiro fenómeno de popularidade.
Com tudo isto em consideração, o menor dos problemas da Fórmula 1 é saber se tem mais ou menos ultrapassagens ou se os pilotos são “queixinhas” ou não. Na verdade, não são. Hoje em dia, se o Vettel reclamar no rádio é chorão e se o Verstappen empurrar o Ocon nas boxes, é uma criança imatura. Contudo, os pilotos dos anos 80 faziam coisas bem piores e não havia este tipo de críticas.
A Fórmula 1 enfrenta um desafio de identidade e adaptação bem mais profundo.