A Agência Espacial Europeia (ESA) vai tentar remover remotamente a humidade que tem prejudicado a visão do telescópio espacial Euclid.
O Euclid foi lançado em Julho de 2023 com o objectivo de estudar a misteriosa “dark matter” que compõe grande parte do nosso universo, usando câmaras de luz visível, infra-vermelhos, e espectrómetro. Infelizmente, logo durante o processo de calibração inicial no espaço, começou a fazer-se notar uma redução na quantidade de luz que chegava aos seus sensores. A conclusão é a de que alguns materiais do telescópio absorveram humidade do ar durante o processo de montagem na terra, e agora essa humidade está a criar uma fina camada de gelo sobre os espelhos do telescópio. Apesar de se estimar que esta camada tenha apenas umas dezenas de nanometros de espessura, é infelizmente suficiente para afectar drasticamente a capacidade de visão do Euclid.
Mas nem tudo está perdido. A ESA delineou uma forma de tentar recuperar a visão do Euclid recorrendo aos aquecedores que tem a bordo. Estes aquecedores foram utilizados para efectuar um procedimento de descontaminação antes do lançamento, mas agora poderão ajudar a libertar os espelhos do indesejado gelo. O problema é que este é um uso que não estava planeado para este fim e há o risco da expansão térmica deformar a estrutura do telescópio. Por isso, o procedimento será feito de forma gradual, inicialmente começando por aquecer apenas dois dos espelhos do Euclid, que podem ser controlados individualmente, e só depois considerar a activação de blocos adicionais se a situação não ficar corrigida.
O Euclid, actualmente a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, já tinha passado por outros problemas iniciais, com os seus sensores a perderem ocasionalmente as estrelas que usa para a sua orientação no espaço, tendo sido necessário fazer uma actualização remota para resolver o problema. Esperemos que, tal como dessa vez, também esta nova correcção remota para descongelar os espelhos seja bem sucedida e permita a melhor visão possível do universo.