Tesla Model X acelerou antes da colisão mortal

A NTSB já publicou um relatório preliminar sobre o trágico acidente que vitimou o condutor de um Tesla Model X em Março, confirmando muito do que já se sabia, incluindo que o veículo seguia com o modo Autopilot activado, e que virou e acelerou contra a barreira de separação das vias de rodagem.

A NTSB (National Transportation Safety Board), entidade que está a investigar o acidente e que já tinha demonstrado o seu desagrado pela forma como a Tesla estava a divulgar informação publicamente que atirava a culpa para o condutor, limita-se por agora a revelar os dados que foram recolhidos e confirmados, deixando uma conclusão final para mais tarde.

A Tesla continua a dizer apenas que o condutor tinha 150 metros de visão desobstruída e cinco segundos durante os quais poderia ter evitado o acidente; mas isso torna-se numa explicação simplista quando se espera que o carro simplesmente seguisse a via normalmente – coisa que não aconteceu, como foi demonstrado por outro condutor a conduzir num Tesla precisamente no mesmo local. Também a anterior “desculpa” da Tesla, de que o sistema tinha dado alertas visuais e sonoros para que o condutor pusesse as mãos no volante, é enganadora, pois esses alertas tinham sido dados 15 minutos antes da colisão, sem qualquer alerta adicional nos instantes que precederam o acidente.

O facto do carro ter acelerado e colidido com o separador da via – que infelizmente não tinha o sistema de amortecimento de choque, danificado num acidente na semana anterior – demonstra claramente que o sistema do carro não tinha detectado nenhuma anomalia e seguia como se fosse uma estrada normal.

Considerando que a Tesla está a prometer as primeiras capacidades 100% autónomas já para Agosto, interrogo-me se não seria prudente primeiro garantir que o seu Autopilot tem capacidade para ver obstáculos parados à sua frente; já que para além deste colisão mortal, têm sido frequentes as colisões com outros veículos parados nas bermas. De certeza que estariam dispostos a confiar a vida a um sistema que ainda comete este tipo de erros?

P.S. Como nota adicional referente aos cuidados acrescidos que se devem ter nos veículos eléctricos, a bateria deste Model X incendiou-se 5 dias após o acidente; isto depois de já ter sido inspeccionada com uma câmara térmica no dia do acidente, após ter começado a fumegar. Quer isto dizer que não se poderá “facilitar” no caso de acidentes que potencialmente possam ter comprometido a bateria do veículo – senão podem levar o carro para casa, passar uns dias a pensar que está tudo bem, e depois… descobrir que afinal não está!

Publicado originalmente no AadM

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