Batota do dieselgate explicada por hackers

A VW já disponibilizou um vídeo a tentar demonstrar a sua transparência quanto ao caso dieselgate, mas a sua “boa vontade” não dá as respostas técnicas que qualquer pessoa mais curiosa gostaria de saber. Felizmente, há aqueles que deitam mãos à obra e partilham com o mundo aquilo que descobriram.

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A VW tem dito apenas que irá fazer uma actualização “mágica” do firmware dos seus carros e que tudo ficará resolvido. Uma promessa que não deixa bastante intrigados todos os que gostam de saber mais em detalhe quais as alterações que pretendem fazer e quais os potenciais efeitos secundários (pois afinal… se era algo tão simples, porque se teriam dado ao trabalho de fazer tamanha fraude com impacto ambiental tão gravoso?)

A apresentação que vos trago hoje explica em detalhe aquilo que se passa, como foi detectada a batota, e em que consiste realmente – e será de particular interesse não só para os hackers, como todos os programadores e simples curiosos que queiram saber um pouco mais sobre o software que comanda os motores dos seus automóveis.

O sistema de controlo electrónico dos motores é uma maravilha da engenharia, mas que se vem a descobrir estar também repleta com código misterioso. Neste caso da VW, existe um complexo sistema de controlo de emissões que tem em conta inúmeros parâmetros e sensores, e que tenta minimizar as emissões poluentes… mas que depois está quase sempre desactivado, deixando que a decisão fique a cargo de um sistema de cálculo bem mais simplista.

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Em modo muito resumido, o tal sistema complexo foi concebido para estar em operação apenas quando se faz o protocolo de testes oficiais (que segue uma sequência pré-definida de aceleração e velocidades engrenadas, para igualdade de circunstâncias); sendo que, em condução normal, isso raramente acaba por acontecer, e como consequência, deixa de ser utilizado o aditivo “AdBlue” que permitiria reduzir as emissões.

A grande questão será perceber porque motivo a VW terá feito isto. Será que o fez para poupar alguns poucos litros de AdBlue (ureia) a cada mil quilómetros (o consumo estimado deveria ser de cerca de 2.5l, mas na prática se fica por cerca de 0.6l); ou será que receiam que o sistema possa funcionar mal (no caso de injectar demasiado AdBlue, gera emissões ainda mais perigosas)?

Igualmente preocupante é constatar-se que isto é uma prática corrente das marcas, há décadas, e que “todos sabiam” mas que foi continuamente ignorado; e que agora a VW foi apanhada neste escândalo… também não irá haver qualquer penalização da marca, tendo apenas que rectificar o que fez mal. Ou seja, na prática é um incentivo a que as marcas continuem a fazer o que fazem: se não forem apanhadas está tudo bem; se forem apanhadas, é só corrigirem o problema (a VW até já tinha uns milhares de milhões postos de lado para eventualidades destas…)

 

https://youtu.be/xZSU1FPDiao

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