“O desporto automóvel de topo como força condutora por detrás dos desenvolvimentos técnicos” – é com esta máxima que a Porsche tem enfrentando os enormes desafios da competição pelo mundo durante décadas.
Um componente que enfatiza mais do que outros os desenvolvimentos no desporto automóvel é o volante. Os volantes de série dos automóveis desportivos da Porsche foram primeiramente aplicados nos automóveis de competição da marca de Estugarda desde meados do século passado. Mesmo o lendário Porsche 917 que correu em Le Mans não incluiu um único botão ou ecrã.
“É difícil de acreditar, mas os desenvolvimentos neste campo apenas descolaram a partir do ano 2000. Desde então, o progresso massivo no desenvolvimento de volantes é claramente evidente“, explica Pascal Zurlinden, Director da Fábrica de Motorsport. Em apenas 20 anos, um volante revestido a pele transformou-se num controlador multifuncional. Os pilotos do último Porsche 911 RSR têm à sua disposição 30 funções no volante, as quais, quando activadas em certas combinações, podem gerar outras funções. Em Weissach, dois especialistas trabalham para encontrar novas soluções para ainda mais opções de configuração, assim como mais conforto.
Volante dos tempos modernos: como o controlo remoto de uma TV na sala
“Em 1999 participei na Carrera Cup como Porsche Junior. Na altura, não tinha botões, rádio, patilhas para a caixa de velocidades ou limitador de velocidade. Tínhamos de conduzir no pit lane com um olho no velocímetro“, afirma o embaixador da marca Timo Bernhard (Alemanha) sobre essa época. O piloto de fábrica e Campeão do Mundo em 2016 testemunhou em primeira mão os velozes avanços na tecnologia aplicada nos volantes. Em 2001, o Porsche de competição recebeu um botão para o radio no volante, com as numerosas funções de controlo no Porsche 911 GT3 RSR que correu na American Le Mans Series a elevar a contagem para seis, em 2004. Nessa altura, os interruptores e botões foram instalados num volante de competição modificado e comercialmente disponível. A disposição, naquele momento, teve um papel secundário.
Ao longo do tempo, o design tornou-se cada vez mais importante como progresso continuado nesta área. A disposição de todas as funções começou a ser prioridade para que os pilotos possam utilizá-las da forma mais intuitiva possível. “É como ver televisão em casa“, afirma Pascal Zurlinden. “Os controlos remotos das TV estão em constante evolução, com novos botões, apps, Amazon Prime, etc. Apesar disso, operá-los rapidamente torna-se natural. Se receber um modelo diferente da mesma marca, sei exactamente como usá-lo. É também isso que fazemos na Porsche. Como a configuração segue sempre o mesmo padrão, os condutores não têm problemas ao mudar de um modelo para outro.”
Ergonomia: vitória nas pontas dos dedos
Os pilotos desempenham um papel principal na organização dos comandos. Eles fornecem indicações cruciais durante a fase de desenvolvimento para assegurar a melhor ergonomia possível. O primeiro passo é o posicionamento das quatro funções principais: os botões para o limitador de pit stop, situações de bandeira amarela, assim como botões on/off para o motor e rádio. As outras funções operacionais são depois adicionadas, seguindo uma lista de prioridades. No processo, os programadores têm que ter em conta que algumas funções têm de ser activadas mediante combinações designadas – comparável ao comando Ctrl+Alt+Del nos computadores pessoais.
“Eu percebi da forma mais difícil o quão importante é ter a disposição correcta e uma utilização fácil para o condutor em condições de corrida“, relembra o piloto de fábrica Romain Dumas sobre um momento específico ocorrido em 2012. “Estava ao volante do Porsche 911 GT3 R em Pikes Peak e na rota para a vitória, quando começou a chover e, depois em elevadas altitudes, a nevar. Foi aí que perdi tudo. Porquê? O botão de controlo das escovas do limpa para-brisas foi instalado no volante. Tinhas de o pressionar por um segundo para activar a função de passagem intermitente e por três segundos para a manter contínua. Era uma forma demasiado complicada. Em Pikes Peak, é uma curva atrás da outra. Na altura em que pus as escovas a funcionar corretamente, tinha perdido muito tempo“, afirma o francês, o qual foi consagrado por quatro vezes como vencedor à geral na “corrida até às nuvens” no estado americano do Colorado. Experiências como esta resultaram num novo pensamento no desenvolvimento.
Transmissão de dados entre o volante e a electrónica a bordo: apenas um cabo
Hoje em dia, os pilotos estão envolvidos na contribuição para a disposição desde o primeiro dia – e colaboram nos manuais de instruções. As instruções do volante do Porsche 911 RSR manual são compostas por 27 páginas. “É tão fácil memorizar que te podes concentrar completamente na condução“, afirma o piloto de fábrica da Porsche Matt Campbell (Austrália). “Vamos tão depressa porque tivemos a oportunidade de dar opinião durante o desenvolvimento. Como piloto de fábrica da Porsche estamos maioritariamente envolvidos em provas de resistência. Não precisa apenas de ser intuitivo de operar, mas tem também de fluir com o menor esforço físico possível. Este é sempre o objectivo quando trabalhamos numa nova configuração para o volante.” O cliente do desporto automóvel também requer um grande pensamento e esforço, como com o Porsche 911 GT3 R, por exemplo. O volante tem de ser fácil de utilizar por pilotos de fábrica e pilotos amadores, sendo essencial encontrar compromissos durante o desenvolvimento.
Nas décadas passadas, os volantes mudaram significativamente em termos de operação e funcionalidade. A forma e os materiais utilizados foram também modificados diversas vezes. De um volante circular feito de madeira verdadeira para um feito em aço, um controlador eventualmente evoluído – a forma que representa a figura de um oito horizontal, comparável à manche de um avião moderno. “Quando comparamos um volante antigo com um moderno, é difícil de acreditar que os novos modelos são ainda mais leves do que os antigos – apesar de todos os comandos, ecrãs e electrónicas. Isto é fruto da utilização de alumínio e fibra de carbono,” afirma Pascal Zurlinden. Os elementos do volante nos habitáculos de competição modernos podem ser facilmente removidos para permitir aos pilotos entrar e sair de forma rápida e segura. A ligação entre o volante e a electrónica do automóvel via a chamada interface CAN. “Os dados seguem em ambas as direcções apenas através de uma linha. É fascinante,” destaca Zurlinden.